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Síndrome Klinefelter

HISTÓRICO

A origem do nome se dá devido ao pesquisador Dr. Harry F. Klinefelter que, durante uma de suas pesquisas sobre consumo de oxigênio na glândula adrenal, recebeu um paciente homem, mas que tinha desenvolvido seios. Dr. Klinefelter se aprofundou no caso e descreveu um relato em que as principais características obeservadas nos seus exames foram infertilidade, liberação de hormônio Gonadotrofina (GnRH) e um elevado nível de liberação dos hormônios femininos, folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH). Anos mais tarde outros estudos complementaram a descoberta do Dr. Klinefelter para descrever os mecanismos genotípicos, fenotípicos, quadro clínico, diagnóstico e tratamento.


ETIOLOGIA

A Síndrome Klinefelter é uma aberração cromossômica numérica, como já descrito nos capítulos anteriores. Não há preferência por grupos étnicos específicos, entretanto está restrita a indivíduos do sexo masculino, uma vez que está relacionada a adição de um ou mais cromossomos X ao complemento cromossômico masculino normal (XY). Incide em cerca de 1 a 2 entre cada 1000 nativos masculinos e em 1 entre cada 300 abortos espontâneos. Se trata de uma gravidez complicada e menos da metade sobrevive ao período fetal. Apesar disso, é provavelmente a mais comum variação cromossômica em humanos, sendo a maioria nem sequer diagnosticada, o que prova que indivíduos afetados podem levar uma vida normal. • ASPECTOS GENOTÍPICOS O indivíduo com a síndrome apresenta no seu cariótipo um cromossomo X a mais. Nesse caso, o seu cariótipo é 47, XXY. Cabe lembrar que a espécie humana possui 44 cromossomos autossômicos divididos em 22 pares e não estão relacionados com as características sexuais, que por sua vez estão relacionadas aos cromossomos sexuais X e Y. Todos os homens possuem um cromossomo X e um Y, mas ocasionalmente uma variação irá resultar em um homem com um X a mais. O indivíduo em questão é do sexo masculino e por ter um cromossomo X extranumerário ele acaba desenvolvendo caracteres femininos secundários (típicos de um fenótipo feminino). Nessa imagem, que representa o cariótipo dessa síndrome, percebemos que indivíduos possuem um cromossomo X a mais, o que interfere na sua expressão fenotípica. Portanto, a Síndrome de Klinefelter é causada por uma variação cromossômica envolvendo o cromossomo sexual. Este cromossomo sexual extra (X) causa uma mudança característica nos meninos. Já havia relatos no final da década de 80 referindo que em metade dos casos resultam de erros na meiose I paterna, um terço de erros na meiose I materna e os demais de erros na meiose II ou de um erro mitótico pós-zigótico levando ao mosaico. Além disso, assim como em outras síndromes, a idade materna elevada foi associada a erros na meiose I materna, mas não nos outros mecanismos genéticos não mostrou relevância significativa. Nada impede que esse indivíduo seja o que se chama na genética de mosaico. Todas as células somáticas do corpo deveriam possuir o mesmo número de cromossomos. No caso da síndrome de Klinefelter, alguns indivíduos apresentam um mosaico, ou seja, algumas células do corpo podem ter o número de cromossomos normais e outras não, gerando um indivíduo com dois materiais genéticos distintos, porém provenientes do mesmo zigoto. Dessa forma, o su- jeito possui células com 46 cromossomos (normais) e algumas com 47 (anômalas).


ALTERAÇÕES FENOTÍPICAS

Os indivíduos com a referida síndrome são fenotipicamente homens, mas com algumas características femininas, particularmente com relação às características sexuais secundárias tais como: ginecomastia, ausência de pêlos, próstata pequena e testículos pequenos. Em consequência disso, teremos esterilidade, problemas de aprendizagem e/ou sociais, elevada estatura e membros relativamente longos. Apesar da esterilidade eles conseguem completar normalmente as funções sexuais de ereção e ejaculação, porém produzem uma baixa quantidade de sêmem. Em alguns indivíduos, os caracteres estão mais acentuados do que em outros, o que é explicado pela presença do cromossomo X extranumerário. Em relação as comorbidades associadas há um aumento do risco de hospitalização em relação a população geral, superior em aproximadamente 69%. Dentre as patologias mais comuns, destaca-se, é claro, as malformações congênitas, mas também diabetes, anemia, osteoporose, hipotiroidismo, infecções do trato urinário e especialmente algumas neoplasias da mama, de células germinativas retroperitoneais, mediastisnais, do pulmão e também linfoma não hodgkin.


DIAGNÓSTICO

Em torno de 6 décadas atrás o diagnóstico era realizado por meio de exame histológico dos testículos que, revelavam ausência de células germinativas nos canais seminíferos mesmo após a puberdade. Nos dias atuais, a determinação desse diagnóstico é assegurada através de uma amostra de sangue, em que que se determina o cariótipo e realiza-se a pesquisa da cromatina sexual. • MANEJO DO PACIENTE Uma vez identificada a síndrome, existem alguns procedimentos importantes a serem iniciados para interromper ou diminuir o avanço de algumas manifestações clínicas. Em alguns indivíduos são indicados tratamentos e cirurgias para se fazer a correção dos caracteres femininos associados à síndrome, como a terapia de reposição hormonal com testosterona, que deve ser prescrita de acordo com as exigências clínicas de cada caso. Normalmente se faz um a aplicação ao mês de Depotestosterona injetável, que é uma forma sintética de testosterona. É importante salientar que quanto mais velha se torna a criança, maior deverá ser a dose aplicada. Além disso, deverá ser feito o acompanhamento periódico do nível de testosterona no sangue, para verificar se há alguma alteração. Caso esteja baixo, poderá resultar na diminuição das mudanças sexuais que ocorrem durante a puberdade, como nascimento de pelos no corpo e no rosto, voz mais grave, entre outros. Esta terapêutica deve ser o mais precoce possível de maneira que os sintomas e as sequelas da deficiência androgênica sejam minimizados.

Entretanto, cabe lembrar que tanto a ginecomastia quanto a fertilidade não serão influenciadas por esse tratamento, sendo necessário encaminhamento para especialistas, a fim de preservar esses fatores. Nesse sentido, a cirurgia plástica se mostra uma ferramenta necessária como intervenção psicossocial, uma vez que consegue reconstruir características do sexo do indivíduo em questão. No que tange à fertilidade e à possibilidade de gerar um descendente, é sabido que os indivíduos com a síndrome de Klinefelter apresentam uma probabilidade significativa de produzir gametas 47, XXY ou com outras alterações cromossômicas, podendo chegar a 20% em alguns casos. Por isso, diante do comprometimento do ambiente testicular, é possível proceder a técnicas de reprodução assistida mesmo em indivíduos sem mosaicismo. Dentre algumas técnicas habitualmente utilizadas, destacamos a fertilização in vitro por injeção intracitoplasmática de espermatozoide viável. Obviamente, antes disso deverá ser feito o diagnóstico previamente à implantação ou análise de cariótipo por meio da aminiocentese. Cabe ressaltar que todas essas terapêuticas não são utilizadas com objetivo de cura, uma vez que se trata de uma alteração cromossômica. O objetivo é favorecer o aparecimento de características masculinas secundárias e diminuir o impacto social que porventura pudesse atrapalhar a vida social e profissional desse indivíduo.















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